No G20 Haddad defende tributação de riquezas e aumento de gastos estatais para combater desiguladades

Brasília – O ministro Fernando Haddad defendeu nesta quinta-feira, 14, durante evento do G20, em Brasília, que os países em desenvolvimento buscam uma “agenda ambiciosa” para as contas públicas, incluindo a tributação da riqueza para “que os mais ricos do mundo paguem a sua justa contribuição em impostos”. Além disso, a ampliação do financiamento estatal, segundo ele, será necessária para combater o que tem classificado como “policrises”.
“Vindo de um processo de reforma tributária no Brasil, tenho uma convicção particularmente forte sobre a necessidade de reforçar a cooperação global nesta área”, declarou o ministro.
Haddad disse que os países precisam aumentar o espaço fiscal para apoiar investimentos públicos de qualidade que promovam as transformações estruturais necessárias para combater a desigualdade e impulsionar “uma transição energética global justa”. “Precisamos de soluções sistêmicas que coloquem as considerações sociais no centro do debate sobre as alterações climáticas”, reforçou.
O ministro discursou na abertura do Trilha Financeira, evento com ministros de economia e presidentes de Bancos Centrais dos países do G20, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O Brasil será presidente do bloco que reúne os 19 países mais industrializados do mundo mais a União Europeia e a União Africana até 30 de novembro de 2024.
Haddad sinalizou a intenção do grupo de melhorar a eficiência dos fluxos financeiros para os países que mais necessitam de recursos para proteger ativos ambientais estratégicos e cumprir as suas metas de descarbonização de forma “justa e equitativa”.
“Precisamos rever cuidadosamente o funcionamento dos principais fundos climáticos existentes, bem como continuar as discussões sobre o ambiente regulamentar que permitirá fluxos maciços de recursos para o Sul Global”.
O ministro ressaltou, ainda, que as condições financeiras e monetárias globais estão “mais restritivas” e que ninguém tem uma previsão de quanto tempo o cenário se manterá. “Os bancos multilaterais e as organizações internacionais não estão bem equipados para enfrentar os desafios que surgem pela frente”, pontuou.
Segundo ele, o aumento da dívida é uma preocupação em todo o mundo. Além disso, vários países possuem dívidas grandes demais, e por isso, é importante avançar na construção de um sistema global de resolução de dívida com velocidade e agilidade.
*Ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda