CGU conclui que cartão de vacina de Bolsonaro foi adulterado

Brasília — A CGU (Controladoria-Geral da União) concluiu que houve adulteração nas informações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inseridas no portal estadual de vacinação de São Paulo, o Sistema VaciVida, mas o órgão de controle não aponta culpados para a fraude.
A apuração que chegou a esse resultado teve origem a partir de pedido de acesso à informação ao Certificado Nacional de Vacinação Covid-19 (CNVC) do então presidente, com base na (LAI) lei de acesso à informação. Durante as investigações, a CGU ouviu funcionários que trabalhavam na UBS Parque Peruche, em São Paulo (SP). Técnicos de enfermagem e outros profissionais de saúde afirmaram que o ex-presidente nunca esteve no local.
Segundo o órgão de controle, os auditores tomaram, inclusive, o depoimento da enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante, mas essa negou que tenha feito tal procedimento. E ainda, teria afirmado que não trabalhava mais na Unidade naquela data, o que foi confirmado por documentos obtidos durante as investigações.
A CGU também obteve dados da Força Aérea Brasileira que demonstram que Bolsonaro retornou de São Paulo para Brasília no dia 18 de julho de 2021, um dia antes da data da suposta vacinação. Na época, o então presidente se encontrava na capital paulista para tratar um quadro de obstrução intestinal.
Apesar de a investigação apontar para uma fraude no cartão de vacinação, a equipe técnica da CGU recomendou o arquivamento do caso por “não ter encontrado provas suficientes contra funcionários públicos durante a apuração”. A CGU encontrou fraudes em São Paulo e no Rio de Janeiro, o que levou a PF também a abrir uma investigação sobre o caso, mas concentrada no que ocorreu no estado fluminense.
A CGU afirma que atestou, ainda, “a impossibilidade de o registro ter sido feito através do sistema mantido pelo órgão federal. O exame também teve como objetivo verificar a eventual participação de servidor público federal nos fatos para eventual responsabilização. Nada foi localizado nesse sentido”, pontua.
Por fim, a controladoria conclui que “se trata de fraude ao sistema estadual de registro de vacinação contra a Covid-19”. E ressalta que os resultados das investigações serão encaminhados às autoridades do Estado e do Município de São Paulo para “conhecimento e adoção das providências cabíveis”.
Acesse a íntegra da Nota Técnica que fundamentou esta decisão.
*Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil