Haddad: ‘não é possível reconstruir em dois anos, um país que foi destruído’

Brasília — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a perda do poder de compra à “má administração” dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Segundo Haddad, é preciso ter clareza que “você não concerta em dois um país que foi destruído”, disse o ministro.
A declaração foi dada em entrevista à Rádio Cidade, de Caruaru (PE), na manha desta sexta-feira (7). Haddad destacou que os ex-presidentes não tiveram o compromisso de reajustar os salários mínimos acima da inflação e nem de corrigir a tabela do Imposto de Renda.
“O presidente Lula já começou uma política de valorização do salário-mínimo para as pessoas que precisam mais do estado. Em dois anos, o salário-mínimo que estava em R$ 1.100,00 já foi reajustado para R$ 1.518. Mas do que isso, o presidente Lula corrigiu a tabela do IR que estava há sete anos congelada. Quem ganhava dois salários-mínimos estava pagando imposto”, pontuou.
O governo Bolsonaro não deu R$ 1 de aumento de salário-mínimo acima da inflação. Então você aumentar o salário é uma das formas de garantir que o trabalhador mantenha o seu poder de compra.
Fernando Haddad, Ministro da Fazenda.
O ministro ressalto que o governo agora trabalha para aumentar a taxa de isenção do IR para quem ganhar até R$ 5 mil por mês. O que na avaliação dele, permitirá que as famílias possam enfrentar o custo de vida, sobretudo da cesta básica. “A partir de 2027 os estados não poderão cobrar o ICMS sobre a cesta básica. Nós aprovamos uma Reforma Tributária para acabar com o ICMS inclusive da carne, que fica mais cara devido a cobrança de impostos estaduais”, disse.
A isenção do IR para essa faixa de renda era uma promessa do presidente Lula durante a campanha eleitoral de 2022.
Inflação
O titular da Fazenda disse acreditar que haverá arrefecimento nos próximos meses, com a perda de força do dólar, da inflação futura no Brasil. “Apesar de sermos grandes exportadores, quando o produtor recebe mais, isso acaba tendo impacto nos preços internos.”
Haddad lembrou que a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez o dólar se valorizar no mundo inteiro e que agora a moeda está em queda. “O dólar agora está perdendo força, chegou a R$ 6,30 no ano passado e hoje está na casa dos cinco e setenta e pouco. Isso também colabora para a redução do preço dos alimentos no médio prazo”, afirmou.
“A política que nós estamos adotando para trazer esse dólar para um patamar mais adequado também vai ter reflexo nos preços nas próximas semanas”, completou.
O ministro citou novamente a safra recorde que o governo projeta para esse ano como uns dos fatores que ajudará a controlar o preço dos alimentos no país. “Nós vamos começar a colher a safra agora. A safra vai ser recorde, nós vamos colher alimentos, grãos e tudo mais. Tem também o ciclo do boi que está no final e isso tudo vai ajudar a normalizar essa situação”, defendeu.
Haddad reforçou ainda o impacto da reforma tributária sobre os preços, destacando o papel da isenção do ICMS sobre os itens da cesta básica e das carnes a partir de 2027. “Alguns estados, sobretudo no Sudeste, cobram impostos sobre a cesta básica. E nós aprovamos uma reforma tributária para acabar com isso”, concluiu.